Em fileiras e com tochas acesas em frente ao Supremo Tribunal de Justiça (STF), clamando o extermínio da esquerda e exigindo uma intervenção militar para fechar o Congresso e o STF. Assim se apresentou o grupo intitulado 300 do Brasil em manifestação no final de maio. O grupo liderado pela fascista Sara Winter é base de apoio do governo Bolsonaro-Mourão e surge em um contexto no qual o mesmo governo ameaça uma ruptura golpista no país. Em inquérito do STF, que apura a existência do “Gabinete do Ódio”, foi revelada uma espécie de escritório ligado ao governo federal, políticos e movimentos aliados a Bolsonaro e financiado por empresários bilionários, como Luciano Hang, dono das lojas Havan e Edgard Gomes Corona, dono da rede Smart Fit. Esse escritório era responsável por operar a disseminação de notícias falsas (fake news), arquitetando as manifestações fascistas que ocorriam em todo país.
Não é por coincidência que, em momento de intensificação da crise econômica, o bloco da direita encabeçado pelo governo vem se extremando e perdendo a vergonha de escancarar o projeto fascista em curso. Rodeado e sustentado por banqueiros e bilionários da agroindústria a razão de ser do seu governo é proteger suas taxas de lucro em meio à crise, ampliando suas possibilidades para acumular riqueza. As amplas privatizações e aberturas de capitais nas empresas nacionais são acompanhadas do enxugamento de investimentos em áreas essenciais para a vida da classe trabalhadora, a destruição acelerada de direitos trabalhistas e previdenciários, além do arrocho salarial. Não podia ser diferente o resultado senão o desemprego galopante, a fome e miséria generalizada que acompanham milhões de trabalhadores brasileiros.
Contudo, este não é um movimento particular do Brasil. O golpe que destituiu o presidente boliviano Evo Morales teve suporte de multinacionais da mineração e do setor energético, operado então por um agrupamento de generais e militares de baixa patente amotinados, junto a milícias de extrema-direita – sendo fundamental ressaltar o mote racista anti-indígena trazido pelos setores golpistas. Coube até uma confissão cínica do bilionário norte-americano Elon Musk, interessado no lítio da Bolívia, em sua conta no Twitter. Quando questionado sobre sua participação no golpe de estado respondeu “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A presidente que usurpou o posto de Evo, Jeanine Añez, vem novamente encaixando a Bolívia na rota das políticas ultraliberais e desmanchando as soberanias nacionais conquistadas pelo governo anterior.
Na Ucrânia, empresários ligados ao ocidente impulsionaram as milícias filonazistas que lideraram os levantes em 2014 conhecidos como Euromaidean. O massacre de Odessa, onde milícias dos partidos fascistas Svoboda (que inspiram as tochas do Grupo 300 Brasil) e Pravy Sektor – mais tarde incorporadas no exército ucraniano – prenderam mais de 50 militantes operários na Casa dos Sindicatos de Odessa e a incendiaram, levando a morte de todos. Esse fato marcou a ascensão fascista na Ucrânia. As organizações comunistas e operárias foram jogadas na clandestinidade e proibidas de estarem públicas, ao passo que profundas reformas antipovo orientadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) foram implementadas.
O fascismo é assim: o recurso de uma burguesia apavorada, em meio à crise internacional do capitalismo. Ora ameaçada de perder seus lucros, ora amedrontada pela força da classe trabalhadora ou por governos de esquerda que implementam nacionalizações, reformas sociais progressistas. É a barbárie sem máscara que deve ser combatida pela classe trabalhadora organizada com seu projeto alternativo de poder.