A guerra havia acabado com a vitória do Exército Vermelho da URSS sobre o nazismo. Após duras batalhas, comunistas e democratas começam a ser vitoriosos na defesa das liberdades democráticas e lutam para transformar o cenário político em nosso país. O governo de Getúlio Vargas, por pressão das ruas, foi levado à redemocratização, mas ainda faltava a anistia de centenas de presos políticos e exilados, além da necessidade de convocar eleições e lutar por uma nova constituição.
O PCB, pós a conferência da Mantiqueira, estava reorganizado e o Comitê Regional da Bahia teve importante liderança nesse processo. Uma das decisões da direção na Bahia, foi construir um jornal que resgatasse o papel que a revista Seiva teve nos anos 1930, com orientação partidária aberta aos setores democráticos, populares e uma ampla articulação com o mundo intelectual brasileiro.
Constitui-se, então, uma comissão do Comitê Regional, formada por Aristeu Nogueira, João Batista de Lima e Silva, João Falcão (coordenador) e Alberto Passos Guimarães para organizar a tarefa de construir o semanário O Momento. A equipe jornalística foi liderada por João Batista de Lima e Silva, que era o secretário de redação e, na chefia de redação, Mário Alves. Nessa equipe pontificavam conhecidos jornalistas de vários órgãos de imprensa da época: Almir Mattos, Alberto Vita e Ariston Andrade. Uma seminal equipe de “focas” composta por Luiz Henrique Dias Tavares, Jafé Borges, Carlos Aníbal Correia e Darwin Brandão, que construiu um popular espaço de esporte no jornal.
O jornal circulou, pela primeira vez, em 9 de abril de 1945. Era tabloide, tinha 12 páginas e funcionava em sua sede na Av. Sete de Setembro, ladeira de São Bento, número 16. Foi confeccionado na Impressora Vitória que ficava na Baixa dos Sapateiros.
Em seu primeiro editorial, em virtude da necessidade do processo de redemocratização, afirmava: “Impõe-se a unidade de todas as forças democráticas e progressistas da grande e da pequena indústria, da grande e da pequena propriedade agrária, do comércio e das finanças, das classes médias e do proletariado para uma saída democrática pacífica e segura para o Brasil”. E concluía: “Confiamos em que estas correntes partidárias utilizarão a arma da intransigência contra a quinta-coluna nazi-integralista e a reação antidemocrática, procurando, para derrotá-los, o apoio da ação unida de todas as forças que lutam pela pureza do sufrágio, pela restauração das liberdades constitucionais, pela ampla e irrestrita anistia e pela emancipação econômica da pátria”.
Nessa primeira jornada de O Momento foi importante a articulação editorial feita por Alberto Passos Guimarães. A coordenação do setor administrativo/financeiro foi exercida por Aristeu Nogueira e a gerência ficou a cargo de Abrahim Majdalani e, depois, Severino Araújo.
Sem um destacado grupo de operários, o jornal não teria cumprido sua missão histórica: o impressor João Miranda, os gráficos Pedro Bispo, Israel Sampaio, Oscar Souza e Carlos Pereira Antunes, os linotipistas Calcidio Gonzaga e Demócrito Carvalho. É importante registrar que a dobragem do jornal era feita a mão por operários e estudantes, que a noite, após a impressão, se dirigiam à sede do semanário.
Em 1946, a direção do PCB orientou a equipe do jornal para transformá-lo em diário. Cumpriu enorme papel, na coordenação da mesma equipe, Eusinio Lavigne e Mecenas da Silveira Mascarenhas. No dia 31 de março de 1946, domingo, era publicado o O Momento – Diário do Povo. Na capa tinha uma saudação de Prestes: “Saúdo o aparecimento do diário do proletariado e do povo da Bahia, O Momento, como mais uma decisiva vitória do povo baiano na sua luta pela democracia e pelo progresso da pátria”.
O Momento funcionou de abril de 1945 a novembro de 1957, teve uma tentativa sem sucesso de reconstruí-lo nos anos 1980. Contudo, estamos agora apresentando O Momento – Diário do Povo, para que ele possa cumprir uma nova jornada de luta em defesa da verdade histórica, da imprensa popular e da saga que informa um jornalismo em defesa da classe trabalhadora e de um projeto emancipatório: o Poder Popular no caminho do socialismo.