Por Guilherme Corona
Já nos seus primeiros seis meses de mandato, o presidente Lula, em consonância com sua agenda de integração latino-americana, anuncia a volta do Brasil a UNASUL.
A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) é uma organização intergovernamental fundada em 2008, que almeja a cooperação multissetorial entre os países da América do Sul, principalmente através da integração das uniões aduaneiras da região, o MERCOSUL e a CAN (Comunidade Andina, que junta Bolívia, Colômbia, Equador e Peru).
Em seu auge, chegou a reunir todos os doze países da América do Sul, representando o um projeto de integração regional protagonizado pela chamada onda rosa, que instaurou diversos governos de caráter progressista na região. A situação vai mudar a partir de 2018, quando diversos países, já com governos de direita, vão sair e tentar promover a PROSUL, uma organização que pretendia antagonizar a UNASUL.
Mesmo assim, a UNASUL não foi desmontada, permanecendo com alguns membros importantes para a política regional, como a Venezuela e a Bolívia, que permaneceram com governos progressistas, liderados pelo PSUV e pelo MAS, respectivamente. Essa longa resistência recompensaria, já que com a volta de do petismo e do peronismo para os governos do Brasil e da Argentina, ambos os países anunciaram a volta ao bloco.
Com isto, os povos latino-americanos poderiam dar um suspiro de alívio, a integração regional interessaria a todos nós, construir um mercado interno forte e desafiar o imperialismo, construindo a independência tão sonhada, de Bolívar a Chávez, de Zumbi a Marighella.
Esses suspiros nunca passariam disso, suspiros. Se nem o governo Maduro, herdeiro mais direto do chavismo na região, pudera avançar com um projeto de conciliação, não seriam Lula ou Fernandez, muito mais dispostos a se prostrar ante ao imperialismo, que o fariam.
Nenhum projeto conciliatório poderia avançar na construção de uma independência da região, mesmo que se coloquem de forma relativamente desafiadora em frente ao império, ao fazer negócios com a China, como os diversos acordos celebrados pelo governo Lula na sua visita de negócios.
Isto se dá pela própria essência do capitalismo brasileiro, que é liderado por uma burguesia dependente, mais disposta a destruir seu país, extraindo seus recursos e sangrando seu povo, do que permitir que houvesse uma maior distribuição de renda no país ou a devolução da soberania a seu povo. Nem mesmo poderia, porque qualquer menor reforma do capitalismo brasileiro apontaria para a necessidade de avançar na construção do socialismo.
Por mais que seja importante explorar as contradições entre as diferentes frações da burguesia internacional, e apoiar as medidas que enfraqueçam a influência do império na região, não nos iludamos em defender de forma acrítica uma integração regional levada a frente pela burguesia, cabe aos trabalhadores liderar o processo, construindo o Poder Popular e o internacionalismo proletário.
Abaixo ao Império, abaixo ao capitalismo, rumo a Pátria Grande, rumo ao socialismo, avante!