Tá Caro Viver: A Perda do Poder de Compra e o Impacto na Vida da Classe Trabalhadora

Reprodução: Suno Research

Por Zóe Meira

A Perda do Poder de Compra e o Impacto na Vida da Classe Trabalhadora – Tá caro viver, e isso a gente sempre soube; mas desde que a gestão genocida de Bolsonaro-Mourão começou, temos visto a fome, o desemprego e a desesperança avançarem sobre toda a classe trabalhadora brasileira. Paulo Guedes veio à tira-colo na gestão federal como ponta de lança do “Deus Mercado”, na infindável guerra aos trabalhadores e seus diretos, apoiando-se na teoria monetarista friedmaniana que prega o fim das políticas governamentais de interferência na economia – usando as mais ridículas e insustentáveis manobras econômicas neoliberais. O resultado? Em fevereiro de 2021, R$200,00 compram quase a metade do que comprava um ano atrás.

O avanço da COVID-19 acirrou a luta de classes, e trouxe consigo a chancela para o avanço implacável do capital sobre a população que está na base da pirâmide social. Justamente em meio a uma pandemia global e em 3 anos desde sua eleição, o governo brasileiro emplaca: o desmonte sistemático e calculado do SUS; o aumento de desempregados e desalentados chegando a, aproximadamente, 20 milhões de pessoas; o aumento nos preços da gasolina e do gás de cozinha perto dos 40% já em 2021; a inflação acumulada de 2020 fechando nos 4,52%, e em janeiro desse ano já alcançando a taxa de 4,56%.

A alta no preços dos alimentos vem acompanhando a dos preços de combustíveis, e subido muito acima da inflação. Os indicadores do IBGE (POF, INPC e IPCA) estão documentando essa dura realidade, e o DIEESE publicou em seu site uma análise onde demonstra que o salário mínimo necessário para que um trabalhador brasileiro sustente as necessidades básicas de sua família deveria ser de R$5.375,00. Mas, apesar disso, o reajuste do salário mínimo do ano passado para este foi de apenas R$0,06 (seis centavos), um “aumento” de 0,58% em relação a 2020.

Desse modo, o salário mínimo em 2021 está cravado em seus em R$1.045,00, cinco vezes menor que o valor estimado pelo DIEESE e abaixo da inflação, sem nenhum ganho real para a classe, ainda sob a desculpa ministerial de que salários altos significariam economia desequilibrada, e que agora está sendo preciso pagar a conta dos anos de “bonança”.

Mas, o que isso significa concretamente no dia-a-dia dos trabalhadores? Significa que a cesta básica ficou 35% mais cara, em média, ao passo que a inflação oficial ficou por volta dos 4%. Mais do que a expropriação de nossa força de trabalho, das reformas, dos crescentes ataques aos nossos direitos, esse cenário significa que estamos pagando para trabalhar (mesmo sem emprego). Significa que o desespero tem tomado conta da vida das pessoas, que o adoecimento mental no seio da classe trabalhadora tem crescido a níveis alarmantes, que os consultórios psiquiátricos estão lotados – e mesmo os que podem pagar, têm dificuldades para conseguir atendimento.

Significa que a crescente da violência doméstica, do feminicídio, do aumento no consumo de drogas pela fuga da realidade concreta, da fome, dos despejos, das doenças, da miséria, da crise sanitária, da desumanidade e da morte, são resultados diretos dessa política bárbara de desmonte do Estado em nome da manutenção das taxas de lucro do mercado financeiro. Em meio à pandemia, a barbárie avança com seus tentáculos por nossos lares, paralelamente aos bancos e instituições financeiras logrando saldos históricos em cima da nossa miséria.
Os ataques que o capital financeiro vem realizando sobre o fundo público e sobre os nossos direitos mostra o nível da ganância daqueles que não aceitam diminuir suas margens de lucro, mesmo que diante do assassinato de centenas de milhares de brasileiros. O “Deus Mercado” quer tudo, e para isso, está disposto a matar, expropriar e destruir. Sempre somos nós a pagar essa conta, apesar de sermos nós a gerar a riqueza, produzir a mercadoria, ser mutilados pela fome, pelo trabalho em condições insalubres, pela estrutura social capitalista e pela ideologia burguesa.

O futuro não está dado, e é por ele que estamos em guerra. Pela sobrevivência dos nossos e da própria humanidade, a barbárie do capitalismo não pode nem deve nos apassivar ou desesperar: que a crueldade, a tristeza e a indignação que vemos e sentimos nesse período sombrio sejam como faísca em barril de pólvora, que sejam combustíveis para a luta por uma vida plena. Nenhum passo atrás!

Sair da versão mobile