Por Camila Oliver
Zuleika Alambert nasceu em Santos, São Paulo, no dia 23 de dezembro de 1922. A primeira mulher da Baixada Santista a ser eleita deputada estadual em São Paulo, era formada em contabilidade e também foi escritora, jornalista e militante comunista.
Sua militância política teve início nos anos 40. Em 1947, aos 23 anos, assumiu a cadeira de deputada estadual pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), uma das primeiras mulheres do Brasil a alcançar essa posição. Contudo, no ano seguinte, bem como todos os outros deputados do PCB, teve o seu mandato cassado, pois, o partido havia tido o seu registro cancelado. Dessa maneira, Zuleika passa a atuar na clandestinidade, dada a repressão e a ordem de prisão expedida aos deputados comunistas.
Porém, Zuleika Alambert já havia entrado para os anais da história. Em seu primeiro pronunciamento na ALESP, tratou sobre o papel social e político da mulher. Além disso, Zuleika apresentou o projeto que seria o embrião do que hoje os trabalhadores e trabalhadoras conhecem como 13º salário. O projeto apresentado pela deputada previa o abono Natal para as trabalhadoras e trabalhadores assalariadas/os. Atuou ainda pela criação da Fundação Paulista de Pesquisas Científicas (atual FAPESP). E, ao lado do também deputado Comunista, Caio Prado Júnior, levantou as pautas da cidadania e da liberdade civil.
Nos anos 1950, foi Secretária-geral da União da Juventude Comunista, atuando, de maneira informal, com a diretoria da União Nacional dos Estudantes na construção do Centro Popular de Cultura, nas campanhas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e na defesa do Monopólio estatal do petróleo no Brasil.
Com o golpe burgo-militar de 1964, foi perseguida por sua atuação na juventude e teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos. A partir de 1969, com a instauração do AI-5, a repressão aumentou e Zuleika precisou exilar-se, primeiro na Hungria e depois no Chile. Durante o exílio em terras chilenas, a sua atuação militante continuou. Participou, em 1971, em Santiago, do Encontro da Juventude Mundial contra a Guerra no Vietnã e ajudou a criar o Comitê de Mulheres Brasileiras no Exílio. Após o golpe militar no Chile, em 1973, conseguiu asilo na Embaixada da Venezuela. E, em 1974, foi para Paris, como refugiada, sob a proteção da ONU. Em 1979, com a Lei da Anistia, Zuleika retornou ao Brasil e passou a integrar os movimentos de mulheres. Foi fundadora do Conselho Estadual da Condição Feminina do Estado de São Paulo e coordenadora da Comissão Estadual de Educação, Cultura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Por seu destaque na luta pelo protagonismo feminino na sociedade brasileira, foi homenageada em 2004 com o Prêmio Bertha Lutz.
Em 27 de dezembro de 2012, faleceu, no Rio de Janeiro, deixando-nos obras importantes tais quais: “Uma jovem brasileira na URSS”, “Estudantes fazem história”, “Feminismo: O Ponto de Vista Marxista”.
Fontes:
- https://ppgneim.ffch.ufba.br/pt-br/lider-feminista-zuleika-alambert-morre-aos-90-anos
- https://www.scielo.br/j/cpa/a/TKqMgbfSg9SgSkbhCZLgKYN/?lang=pt