No governo Lula, a integração regional, principalmente através do MERCOSUL, ganha um novo fôlego, mas isso não significa melhores condições para a classe trabalhadora.
O MERCOSUL, bloco regional fundado em 1991, é um bloco comercial que promete a integração econômica entre os países-membros, sendo eles Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela (suspenso), e a Bolívia como candidato. Este funciona atualmente como uma união aduaneira, permitindo o livre comércio dentro da sua zona e adotando uma política comercial comum.
A suspensão da Venezuela, ocorrida em 2017, foi parte da ofensiva diplomática de direita para isolar o governo Maduro, que encontrou um eco no bloco através dos governos Temer, no Brasil, Macri, na Argentina, e Cartes, no Paraguai. Justificada formalmente pela “ruptura da ordem democrática no país”, o que provou serem apenas palavras dada a impotência do bloco frente ao golpismo de Temer ou aos arroubos autoritários de Bolsonaro.
Agora, com uma nova onda de governo de esquerda na região, e a retomada de diálogo com o governo Maduro por parte do Brasil, principal economia do bloco, abrem-se novas janelas para pensar a volta da Venezuela ao bloco e um novo fôlego de integração regional, como a adoção de uma moeda comum para o comércio internacional entre Brasil e Argentina, fugindo do controle do dólar.
À primeira vista, isto pode parecer extremamente positivo para a classe trabalhadora, afinal, a integração regional e a construção de um bloco independente da hegemonia ianque é positivo para construir uma economia nacional forte, com complexidade produtiva e produção de ciência e tecnologia nacional, seguindo o exemplo do desenvolvimento econômico de outros países, como Cuba e China, que apesar de tão diferentes, conseguem, a sua própria maneira, desafiar a ofensiva ianque contra suas economias.
Contudo, de nada adianta avançar na integração econômica regional se esta não for acompanhada de outras medidas econômicas que favoreçam a indústria sul-americana e transformem a região em um polo científico-tecnológico. E a social-democracia representada pelo governo Lula dificilmente tomará qualquer medida radical que altere a economia brasileira em sua base.
As contradições internas do governo, apesar dos belos discursos, parecem tentar encontrar sua solução cedendo para a burguesia, com liberais como Fernando Haddad no ministério da Fazenda, e com uma política de continuação da fórmula equivocada do petismo: o aparelhamento dos movimentos de massa, como o sindical e o estudantil, para fundar um governismo rebaixado, sem grandes avanços da classe trabalhadora.
Entendendo que não há governo em disputa, mas sim uma conformação possível dos interesses da burguesia, é dever dos partidos comunistas e revolucionários, assim como de todas as forças comprometidas com os interesses da classe trabalhadora, construir uma alternativa revolucionária em uma oposição consequente, que aponte as contradições do governo petista e as explore para avançar posições na luta de classes.
Já que, apesar de ser um governo extremamente limitado nas suas possibilidades, a conjuntura política, marcada pelo fortalecimento da esquerda radical, ainda apresenta possibilidades de ofensiva, construída desde as bases para avançar na disputa da direção dos movimentos de massa.
E o internacionalismo, marca definitiva da atividade comunista, é ponto central nesta luta, aumentando a solidariedade de classe internacional na região e no mundo, fortalecendo os órgãos internacionais de articulação da classe trabalhadora e dos movimentos populares, avançando na luta ideológica e fortalecendo nossos partidos para que possamos dirigir a conjuntura.
Por uma integração regional que favoreça a classe trabalhadora, contra os interesses da burguesia, construir o movimento comunista no Brasil, na América Latina e no mundo!