Greve na UFBA e a morte do Movimento Estudantil

Por André Luiz Lima

Depois de um certo atraso para a deflagração da greve docente na UFBA no dia 25/04, mobilizações, atos e atividades diversas começaram a ser divulgadas e propostas no âmago do espaço universitário para esse período crucial e de necessária participação de toda a comunidade acadêmica. O Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB), mesmo com uma Diretoria sendo contrária à Greve, foi superada pela sua base de professores que heroicamente trazem este Sindicato para o lugar onde deve estar.

De forma pararela a isso, acontecia um evento atípico na luta atual pela educação federal. O Movimento Estudantil da UFBA, mais precisamente o Diretório Central dos Estudantes (Afronte, Levante, JPT, Quilombo e UJS), encontrava-se em estado de paralisia constante; atitude essa que contribuiu significativamente para a desorganização completa de todo o ME e de entidades que se propunham desde o princípio a construir um movimento grevista forte na categoria discente pela UFBA.

Não contar com o maior instrumento de deliberação ou não poder se utilizar do alcance único e a legitimidade que um Diretório Central pode ter para explicar a necessidade de uma greve e os frutos que essa luta pode gerar, facilitou efetivamente a produção de argumentos errôneos sobre os impactos do movimento grevista no cerne da Assembleia Geral Estudantil (15/04). Valia afirmar que políticas de Assistência e Permanência Estudantil se encerrariam, que bolsas seriam cortadas e que também existia a possibilidade da greve esvaziar a Universidade.

Uma semana depois, a greve docente foi deflagrada com muita dificuldade e o DCE se prostrou à revelia de todo esse processo, justamente pela falsa neutralidade apresentada durante sua Assembleia. Políticas de Permanência e Assistência Estudantil não se encerraram, as bolsas também não foram cortadas devido ao movimento grevista e o esvaziamento da Universidade também foi refutado pela ação concreta que professores, estudantes independentes e entidades estudantis de oposição (Alicerce, JR, UJC, UJR e Pajeú) ao DCE.

Infelizmente, essas ações se encontram com certas dificuldades de aglutinação estudantil depois de passadas algumas semanas desde o início do calendário de mobilizações do CLG de professores. Grande parte desse percalço pode ser respondido pela pouca ou quase nenhuma divulgação das atividades pelo DCE e também pela ausência de um calendário estudantil autônomo de mobilizações com amplo debate formativo, divulgação e de composição da frente estudantil pela recomposição orçamentária.

Para finalizar a série de destaques de atenção à espécie de disrupção da realidade que o Diretório Central dos Estudantes se encontra, no dia nacional da luta pela educação federal (03/06), marcado pela mobilização organizada de ANDES-SN, SINASEFE e que na Bahia ainda pôde contar com sindicatos da UFRB, UFOB, UFSB e outras 2 mil pessoas, a diretoria do nosso Diretório Central simplesmente não foi vista.

Esse é um momento único na história das lutas pela educação. Momento que um Diretório de lutas deixa de lutar. Momento onde essa decisão auxilia indiretamente outras escolhas dentro da comunidade estudantil, como a criação de Fóruns a exemplo do de São Lázaro e o de Ondina (Junção de CAs e DAs de um Campus para encaminhar deliberações organizativas nesse período) e finalmente, escolha que promove a desmobilização da maior parte da comunidade discente da universidade conhecida historicamente pela vanguarda do movimento estudantil.

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