Por João Pedro Aguiar –
No último domingo (6) o jovem negro Davi Pereira, barbeiro de 23 anos, foi assassinado pela polícia militar na cidade de São Félix no Recôncavo Baiano. Ao regressar do trabalho, estava deixando seu amigo em casa de moto, quando foi surpreendido e assassinado pela polícia militar. Segundo sua mãe, o carona conseguiu escapar.
Logo após a morte de Davi, a PMBA buscou justificar o assassinato responsabilizando a vítima, alegando troca de tiros e ter encontrado armas e drogas com Davi. Fato amplamente desmentido pela família e por toda comunidade na qual era querido, que durante dois dias protestaram em São Félix. Atearam fogo, bloqueando a histórica Ponte Dom Pedro II, que liga São Felix à cidade de Cachoeira.
Nessa mesma semana, outra grande cena de terror de Estado protagonizado pela PMBA ganha notoriedade em Salvador. Desde o dia 02 de dezembro, o bairro do Nordeste de Amaralina está sitiado pela Polícia Militar: a SSP alega estar “combatendo” o tráfico de drogas. Mais de 700 policiais militares atuam no local e até o momento 14 prisões foram efetuadas, 7 pessoas foram mortas e a polícia está autorizada a revistar toda e qualquer pessoa que tente acessar o bairro. Moradores também reclamaram que precisam andar cerca de um quilômetro para poderem acessar as linhas de ônibus, já que a circulação no bairro está suspensa.
Tanto o assassinato do jovem Davi Pereira, quanto a ocupação militar da PMBA no Nordeste de Amaralina, fazem parte da política de segurança pública assentada na ostensividade policial impulsionada pelo Governo do Estado, cujo o seu comandante Rui Costa (PT) já chegou a ironizar uma chacina ocorrida no ano de 2015, no bairro do Cabula em Salvador, aludindo a decisão do policial como a “de um artilheiro na frente do gol”.
O resultado dessa política é a segunda maior taxa de letalidade policial do país, ficando apenas atrás do Rio de Janeiro, tendo como alvo os trabalhadores pobres e negros nas periferias urbanas. Como já evidenciado em matéria do O Momento, mesmo durante a pandemia a tendência de alta letalidade nas operações policiais não diminui.
Em meio a destruição dos serviços públicos, a EC95, que congela o investimento em áreas sociais, a privatização do SUS, o aumento galopante do desemprego, a alta nos alimentos contrastando a fome que já chega a 10 milhões de trabalhadores, e a crise sanitária que já vitimou 8.000 pessoas por Covid na Bahia – o crescimento da ostensividade policial se evidencia como a etapa mais evidente do projeto genocida que a burguesia brasileira, por meio de seus governos, resguarda aos trabalhadores. É momento de derrotá-lo com a radicalização da organização popular, buscando a superação do sistema capitalista e das opressões que o compõem.