por Giovani Damico
“Extra, Extra! o comércio abriu, a Escola voltou, o vírus?! Sumiu!”
Cotidiano, normalidade e retorno, nossas manchetes, propagandas e cada conversa de elevador anseiam por tais palavras. É afinal de contas de se esperar, vez que um isolamento social sem precedentes assola nossa sociedade. Em artigo publicado na última edição d’O Momento, se questionava como 75% de ocupação nos leitos de UTI passou a ser um “número mágico”, um sinal verde para a reabertura. Mas cabe reabertura neste momento? Se o empresariado vem lutando ferozmente para reverter a quarentena e o isolamento sob a bandeira de “salvar a economia”, reabrir as Escolas aparece como a bandeira máxima de afirmação do “novo normal” e da retomada.
Em diversos Estados a questão da volta às aulas está latente e na Bahia não é diferente. Em São Paulo, o Governo Estadual se adiantou em um plano de retomada para setembro, e com a pressão de prefeitos (como no ABC e capital) e sociedade civil, tal plano vem esbarrando em resistências. Havendo agora uma proposta de adiamento para outubro.
Na Bahia, o governo do estado mostra-se oscilante em seus posicionamentos, apesar de até então sustentar e prorrogar a suspensão das aulas, se nega veementemente a falar em suspensão do ano letivo 2020. O Governador por sua vez menciona ano letivo até fevereiro e aulas todos os sábados, embora não trate claramente sobre um prazo de retomada.
Na capital, o prefeito apesar de fazer avançar a reabertura do comércio, na contramão do que muitos especialistas apontam como o ideal, ainda apresenta resistências ao retorno das aulas. O prefeito chegou a declarar que “faz sentido” um não-retorno das aulas neste ano. Prefeito e Governador concordam na necessidade de protocolos específicos e rígidos para o retorno, embora não esteja clara a sua factibilidade.
Nos debates nacionais faltam ainda formulações sobre a readequação do ano letivo 2020, e uma possível junção dos anos letivos 20 e 21. Alguns sindicatos já cogitam a possibilidade de entrar em greve em caso de aulas presenciais neste ano.
A volta às aulas e a “nova normalidade” enfrentam assim um grande dilema. Diversos Estados vêm adiando o protocolo de retorno, após a política desastrosa de combate à pandemia no Brasil. Uma “nova normalidade”, diferente da velha, deveria ao menos operar algumas mudanças em preocupação daquilo que causou a nova situação e, como sabemos, o grande catalisador da atual é uma pandemia. Assim, temos alguns elementos imperativos do isolamento social: uso de máscaras, mudanças de hábitos de higiene e menor contato físico em espaços de grande circulação que seriam algumas destas características.
De fato, vemos uma pequena maquiagem na situação anterior, que em nosso país passa longe das medidas enérgicas adotadas por países como a China ou mesmo a pequena Cuba, que conseguiu reverter drasticamente o avanço da doença, controlá-la para então repensar as aulas de suas crianças e Jovens. Falta-nos intervenções mais substantivas de readequação das estruturas, investimentos em pessoal e testagem massiva.
Para além das necessidades mais imediatas, com espaços mais abertos e mais ventilados e atenção primária de saúde, a pandemia chama atenção para outro elemento fundamental: o papel da Educação e da Escola. Não apenas em cuidar dos filhos daqueles que vivem do trabalho, mas em fazê-los pensar o mundo e pensar o conhecimento a favor da maior parcela da sociedade e de suas necessidades.
Verdade!! O movimentos de retorno presencial está sendo feito pelos donos das escolas particulares, compreensível porém delicado! Os pais, professores e funcionários são pessoas e não números como são tratados os mortos até agora!
Excelente texto!!!
Essa volta às aulas sem a vacina, é um verdadeiro genocídio!!! Cada vez mais o “capital” dita as regras.
O melhor a fazer é cancelar esse ano letivo de 2020…. Existem outras saídas para se recuperar esse ano, o que não se pode é perder vidas!!!