À memória de Almir Matos

Por Rafaela Fraga

Almir Magalhães Matos foi um destacado militante e dirigente baiano do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Comprometido com a classe trabalhadora, da qual fazia parte, dedicou sua vida à construção do movimento revolucionário desde a época em que era estudante. Futuramente, tornou-se advogado, jornalista e vereador, enfocando seu trabalho, em todas essas áreas, na luta pelos direitos à vida digna e pela emancipação humana.

Como advogado, teve seu exercício publicamente notado por defender trabalhadores em casos que envolviam, dentre outros, descumprimento de direitos trabalhistas pelo patronato, luta por terra e moradia, movimento sindical, repressão política e violência policial.

Como jornalista, era mencionado nos círculos da imprensa por escrever artigos com posicionamento crítico e terem grande circulação. Não à toa, foi um dos representantes da Bahia no I Congresso Brasileiro de Escritores (SP, 1945), evento que teve como máxima a oposição à Ditadura do Estado Novo, instaurada e comandada por Getúlio Vargas, e a luta pela liberdade de expressão.

Ainda em 1945, Almir Matos teve grande relevância na fundação do Jornal O Momento, dirigindo-o durante anos e enfrentando a repressão dos Governos de Octávio Mangabeira (1947-1951) e do interventor getulista Régis Pacheco (1951-1955). Após o arbitrário fechamento d’O Momento, ocorrido em 1957, Matos foi para a Redação da Revista Novos Rumos (1959), onde atuou junto a outros célebres nomes como Mário Alves – também fundador d’O Momento -, Maria da Graça Dutra e Orlando Bonfim.

Buscando popularizar ainda mais a luta pelo socialismo, durante sua vida política Almir Matos participou ativamente dos processos eleitorais aos quais o PCB se lançou: em janeiro de 1947, agitou 25 mil pessoas na Praça da Sé, em Salvador, onde discursou durante o Comício de finalização das campanhas de Ana Montenegro, João dos Passos e Antônio Pereira Moacir.

Quando concorreu ao pleito municipal, no mesmo ano, foi eleito pela Chapa Popular como vereador mais votado entre os outros 18 candidatos eleitos. Dentro de sua coligação, que lançou mais 7 candidatos, Almir angariou 1.267 dos 6.033 votos da chapa – total que significou cerca de 17% do eleitorado soteropolitano na época.

A partir daí, por sua atuação no mandato ficou conhecido como “o vereador de Prestes” – referência ao também militante comunista Luís Carlos Prestes. Levando à Câmara pautas com as quais já lidava como advogado e jornalista, se tornou manchete por seus discursos imponentes e sua ousadia frente a um sistema político que tentava calar os revolucionários.

Como militante comunista, Almir Matos entregava-se com vigor e compromisso ao projeto de sociedade que alçava construir junto ao Partido. Escapou, com Jacinta Passos, em 1943, da prisão política; foi espancado pela repressão de Octávio Mangabeira ao PCB; teve seu Jornal empastelado por duas vezes, até o fechamento; mas, convicto que foi durante toda a sua atuação, seguiu encampando muitas conquistas para a classe trabalhadora..

Viva Almir Matos e os revolucionários baianos!

 

*editado em 29/11/2022
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