Por Matheus Almeida
“Os Soldados, Nossos Filhos, Não Irão Para a Coreia”, assim profetizou a comunista que evitou a morte de milhões de brasileiros em uma guerra imperialista.
Nascida em Barretos em 1912, filha do casal português Carolina e José, Elisa Branco Batista foi uma importante militante comunista Brasileira, logrando reconhecimento internacional. Após o falecimento do seu pai aos seus seis anos de idade, passa a viver com a mãe e cinco irmãos na cidade de origem. Admiradora de Luís Carlos Prestes, se filiou ao PCB e fez parte da Federação das Mulheres de São Paulo e do Movimento Brasileiro dos Partidários da Paz.
Conforme explica ao jornal Inverta, órgão oficial do Partido Comunista Marxista Leninista (PCML): “Como aqui não tinha nada para a mulher trabalhar, fui para São Paulo onde aprendi a costurar com minha prima”. Sendo assim, Elisa passa a residir em São Paulo na busca de melhores condições de vida.
É vasto o currículo de Elisa Branco Batista; Em 1945, ao assumir o Departamento Feminino do Comitê do Partido Comunista Brasileiro (PCB), é iniciada a sua militância política partidária. Além disso, em 1946, esteve à frente de lutas de bairros através do comitê popular democrático da Fortaleza, na condição de Vice-presidência.
Além de ter sido presidenta de honra da Federação das Mulheres de São Paulo e vice-presidenta do Movimento Brasileiro dos Partidários da Paz, desafiou o governo Dutra ao abrir uma faixa contra a participação do Brasil na guerra da coreia, em um desfile de 7 de setembro, no Vale do Anhangabaú.
Foi presa e conduzida ao DOPS. Ficou oito dias incomunicável. Foi condenada a quatro anos e três meses de prisão. Entretanto, foi aplaudida, reconhecida pela multidão e evitou que os brasileiros fossem intervir em uma guerra de caráter imperialista. Seu apelo popular era tão grande que após a sua prisão organizou-se um amplo movimento pela sua libertação, campanha da qual participou até a Rádio Central de Moscou.
Nem mesmo a prisão foi capaz de abalá-la; Elisa alfabetizou detentas, ensinou corte e costura e higiene pessoal! Após 1 ano e 8 meses em cárcere, foi liberada. Além do mais, Ganha o prêmio internacional da paz, prêmio Lenin da paz, em 1953, no Palácio do Kremlin, em Moscou, na União Soviética.
Em 1964, durante o Golpe Militar, foi presa novamente, desta vez pelo DOPS e sem acusação. Em 1971, nova prisão. Passou três dias desaparecida, até ser liberada por falta de provas. Contou à revista ISTOÉ “Os bandidos do DOPS reviraram tudo e levaram um monte de fotografias pessoais”.
Elisa Branco Batista faleceu em 8 de junho de 2001, aos 87 anos, em São Paulo. Sua militância é reconhecida em trabalhos acadêmicos e livros, nacionais e internacionais. Conforme afirma Horista, sua filha, Elisa disseminou a ideia do comunismo: “Todos nós fomos contagiados pela luta da minha mãe, mulher de coragem, que enfrentou, sem titubear, as autoridades da época e mostrou sua audácia ao levantar uma faixa contra a guerra.”
Viva a baratense que desafiou o governo Dutra!
Viva Elisa Branco Batista!!