Famílias do MST correm risco de despejo em Acampamento no município de Conceição do Almeida

Ocupação do MST em Conceição do Almeida
Por Flávia Rezende

A pandemia do novo coronavírus alterou a rotina e a situação econômica de muitas famílias. Em Conceição do Almeida, município do recôncavo baiano, não foi diferente. Por isso, cerca de 50 famílias, que não tiveram como pagar seus aluguéis, passaram a ocupar há mais de 7 meses a área da antiga Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), abandonada há mais de 10 anos.

No local, que pertence ao Governo do Estado, as famílias encontraram uma alternativa para moradia e para a subsistência, já que a área tem sido utilizada para a produção de alimentos dessas pessoas. 

Mesmo com a ocupação, o Governo do Estado publicou no Diário Oficial, no último dia 2 de dezembro, a concessão de uso dessa área por cinco anos para a Prefeitura. De acordo com a Administração Municipal de Conceição do Almeida, no local será construído um polo industrial, em uma área onde existe o maior banco de germoplasma da Bahia, além de um pedaço preservado de Mata Atlântica. 

A Secretária Nacional de Movimentos Sociais, Vera Lúcia Barbosa, destacou a decisão do STF na ADPF 828, que estabelece que despejo durante a pandemia é crime. “Além de ser criminoso, é desumano. Por isso, precisamos lutar por uma medida para solucionar a situação dessas famílias, que necessitam do local para sobreviver. Nós vamos seguir resistindo e continuaremos produzindo nessa área, como tem sido feito, até que uma solução seja dada a esse impasse”, salientou. 

Para o dirigente estadual do MST, Paulo César Souza, a construção de um polo industrial nessa área, além de desabrigar 50 famílias, representará a destruição desse patrimônio ambiental. “É inadmissível que essas famílias sejam despejadas desse local. Além da questão humanitária, existe a questão da preservação ambiental. Por que é que a área estava abandonada há dez anos e só agora vai ser utilizada? É um absurdo! Nós queremos diálogo para buscar uma alternativa para essas famílias, que não têm para onde ir”, disse o dirigente, que ressalta que o Movimento segue aberto ao diálogo.

Sair da versão mobile