Por Guilherme Corona
Numa América devastada pelos cães fascistas, pelos falcões do neoliberalismo e pelos tentáculos do imperialismo, uma pequena ilha brilha sempre, iluminando o caminho para o futuro que se conforma desde 1959 como um autêntico farol da liberdade.
No dia 25 de setembro deste ano foi realizado o plebiscito sobre a nova legislação da família de Cuba. Trata-se de uma legislação compreensiva, que reconhece os direitos da população LGBT, avançando na proteção aos direitos dos idosos, gestantes e crianças, de modo que inaugura um novo tipo de família: não mais limitado às tradições, à consanguinidade ou aos dogmas religiosos, mas agora incluindo as famílias formadas pelo livre afeto, pelo amor em suas mais diversas configurações. Com mais de 70% de participação, e 2/3 dos votos a favor, o povo cubano gravou o direito ao casamento homoafetivo bem como a adoção sob esta configuração familiar da forma mais permanente possível, com contundente apoio popular, transformando assim a sua Constituição.
Apesar da oposição da direita conservadora na ilha, principalmente concentrada nos setores religiosos, e das críticas de coletivos LGBT sobre colocar uma questão de direitos básicos a aprovação popular, o governo cubano apostou na sua capacidade de mobilização do povo, com uma grande campanha pelo “Sim”. A campanha é vitoriosa por contar com as estruturas revolucionárias que se desenvolveram processualmente a partir do afastamento do bloco burguês-latifundiário do poder político, passando todo o poder às mãos da aliança das massas populares. O caráter socialista da Revolução com medidas radicais que liquidam a exploração ao qual estava submetido o povo, é seio da criação de uma correlação favorável à população LGBT, que além de ter garantias legais, evidencia a convicção de um país onde a maioria do povo apoia essas conquistas sem medo.
Para além dos números da votação, são reveladoras as condições internacionais em que o plebiscito toma parte, onde o principal assediador de Cuba, os Estados Unidos, promovem regressos históricos nas conquistas sociais das mulheres, e também a extrema direita avança em todo mundo, inclusive se sedimentando enquanto uma alternativa política na dita “terra da liberdade”. O avanço da direita em todo mundo não conseguiu, consegue ou conseguirá impedir as conquistas do povo cubano, porque essas se apoiam em um compromisso revolucionário que se debruçam desde 1959, sobre mudanças estruturais que se dão a partir da coesão do trabalho social a partir das bases organizativas populares. O apego desesperado da reação a bandeiras retrógradas não consegue impedir o marchar da história, do lado dos que apostam no socialismo, a força histórica do progresso, a única capaz de derrotar o fascismo.
Mais uma vez Cuba é a ponta de lança da América. Nos levando para o futuro a passos largos, e assim como Victor Jara, para conhecer a Martí e a Fidel, para conhecer o caminho do Che, a Cuba iremos, se não no espaço, no tempo histórico. Aqui nos encontramos em atraso pelos vermes sanguessugas do Imperialismo que assola violentamente as possibilidades de desenvolvimento do ser social. Lá, livre para correr, mesmo que segurado pelo seu primo do norte.
Mas o mais importante, é que, na ilha da esperança, no farol da liberdade, na terra de Martí e tantos outros revolucionários e revolucionárias, a família agora é livre e o Amor agora é lei.
Esta concretude de ideal reforça a esperança de que é possível vencer a luta, viabilizar a justiça e o amor.