Por Camila Oliver
Natural da cidade de Nazaré, no recôncavo baiano, Luís Henrique Dias Tavares nasceu em 25 de janeiro de 1926. Doutor em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da Universidade Federal da Bahia, onde também era professor de História do Brasil, tornou-se, posteriormente, professor emérito desta Instituição. Além disso, foi diretor do Arquivo Público da Bahia e membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia.
Pós-doutor pela University of London, tinha ainda outros títulos: Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Sócio Emérito do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Sócio Emérito da Academia Portuguesa da História e Professor Honoris Causa da Universidade Estadual da Bahia.
O historiador escreveu grandes obras, a exemplo do seu importante livro História da Bahia, tornando-se imortal da Academia de Letras do estado, onde ocupava a cadeira de número 1. Era um dos maiores defensores da tese sobre a importância das lutas ocorridas na Bahia para a consolidação do processo de libertação do Brasil de Portugal, e por esse motivo, em 2011, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem do Dois de Julho, outorgado pelo Governo do Estado da Bahia.
Luís Henrique Dias Tavares começou a escrever muito jovem, no jornal Parlapapão, que fundou em sua cidade natal em parceria com o colega Clóvis Neiva Naya. Ainda com 16 anos, conheceu o Teatro de Estudantes da Bahia – TEB, chegando a se apresentar no antigo palco do Cine-teatro Jandaia. Após esta experiência no teatro, Luís Henrique conheceu O Momento; em suas palavras:
Depois dessa experiência no teatro, que tenho lembranças, eu fui conhecer o jornalismo de verdade. Fui convidado, porque sabiam que no Colégio da Bahia eu era um bom estudante de português e pela minha facilidade de redação, para trabalhar no jornal O Momento. Naquele tempo, ainda sem sede, instalado na Tipografia Vitória, comecei a ser jornalista sob as lições de João Batista de Lima e Silva e Alberto Leal Vita, grandes amigos. Esse semanário foi conhecido como uma iniciativa do Partido Comunista, na época ainda ilegal, quando foi parte da luta não só pela participação do Brasil na guerra contra o nazi-fascismo, como, também, na luta pela democracia, pelo fim da ditadura de Getúlio Vargas. Essa luta perdurou até o fim da Segunda Guerra, que culminou no fim do Estado Novo. O Partido Comunista se tornou legal, além de outros partidos que surgiram para eleger a Assembleia Constituinte¹.
Aos 94 anos, casado com Laurita Pontes Tavares e pai de quatro filhos, Luís Henrique Dias Tavares faleceu em Salvador no dia 22 de junho de 2020, eternizando-se em sua vasta obra. Entre sua literatura e historiografia, citamos como exemplos os títulos: A Noite dos Homens. Coleção Tule. Imprensa Oficial do Estado, 1960. (Conto); Moça Sozinha na Sala. São Paulo: Martins Editora, 1961. (Crônicas); O Sr. Capitão/A heróica morte do combativo guerreiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969. (Novela) – Há 2ª edição, pela Ática; Sete cães derrubados. Salvador: Casa de Jorge Amado e Edufba, 1999. (Crônicas); As idéias revolucionárias do 1798. Cadernos de Cultura, Ministério da Educação, 1956; O problema da involução industrial da Bahia. Salvador: Centro Editorial e Didático, 1966; A Independência do Brasil na Bahia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. 2ª ed. Civilização Brasileira, 1982. 3ª ed. Salvador: Edufba, 2005; Comércio Proibido de Escravos. São Paulo: Ática, 1988; Nazaré, Cidade do Rio Moreno. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo, 2003; História da Bahia. 12ª ed. Salvador e São Paulo: Edufba e Unesp, 2008 – Última edição em vida do autor. Primeira edição de 1956.
¹ http://www.edufba.ufba.br/2009/12/luis-henrique-dias-tavares/
Uma vida de trabalho incessante, transmitia aos alunos a necessidade de pesquisar permanente.
Trato afável, carinhoso, divertido, e
..exigente,
Devo-lhe muito como professor e amigo.