Seção especial: Eleições 2022 – Biografia de Inês Melgaço

Natural de Petrópolis, cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro, Inês Melgaço nasceu em 06 de julho de 1953, ano anterior ao suicídio de Getúlio Vargas. Com mãe professora primária e pai que amava a música e sonhava com um mundo sem fronteiras, desde cedo foi estimulada à leitura e aos estudos. Desenhar fez parte de seu cotidiano ao longo dos anos e orientou sua vocação para as artes. Viveu a infância e os primeiros anos da adolescência sob um período de grande efervescência político-cultural capitaneada pelo CPC – Centro Popular de Cultura – da União Nacional de Estudantes que inspirava e mobilizava boa parte da juventude brasileira na época. Aos catorze anos, buscou prestar provas para ingressar na Escola Nacional de Belas Artes, mas foi impedida pela reforma nacional do ensino médio e superior realizada pela ditadura militar burguesa instalada com o golpe de 1964, obrigando-a a adiar seus planos.

Com o AI-5 vieram os anos de chumbo, o período mais cruel, nefasto e repressor da ditadura que torturou, assassinou, perseguiu, exilou e censurou trabalhadores, estudantes, artistas e intelectuais. Manifestações populares contra o arrocho salarial, greves de trabalhadores eram duramente reprimidas, Centros Acadêmicos foram transformados em grêmios recreativos, livros foram proibidos, jornais e publicações confiscadas, artistas censurados e impedidos de trabalhar pelo Comando de Caça aos Comunistas – organização paramilitar – e foram abortadas todas as tentativas de organização populares e democráticas.

Toda essa conjuntura fez com que em 1977, ao ingressar no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFF, em Niterói, movida pela indignação, Inês tenha se aproximado e ingressado no PCB – Partido Comunista Brasileiro – que estava na clandestinidade, e assim permaneceu até 1986, participando do Movimento Estudantil fazendo parte do Diretório Acadêmico do Curso. Foi o período em que conheceu o marxismo-leninismo que passou a fundamentar sua prática até os dias de hoje.

Em 1979, esteve na Bahia para o Congresso de Reconstrução da UNE e, no início de 1981, casou-se e veio morar em Salvador onde nasceram seus três filhos, trabalha e reside desde então. A criação e o cuidado com os filhos absorveram seu tempo e em 1986 ingressou finalmente no Curso de Artes Plásticas da EBA-UFBA, onde também lecionou disciplinas de pintura e composição decorativa.

Aproximou-se da psicanálise lacaniana e trabalhou com psicóticos em oficinas de arte tendo tomado contato com a luta antimanicomial. Prestou concurso público e passou a trabalhar como artista plástica no CAPS da Orla de Camaçari em que continua lutando pela humanização do tratamento dos portadores de sofrimento mental, pela defesa dos Serviços Públicos integrais e de qualidade, pela manutenção e ampliação do SUS, pela organização da classe trabalhadora, pelo direito à educação gratuita, à arte e à cultura, tendo compreendido que o trabalho firme, disciplinado e cotidiano, junto à imaginação e ao compromisso com a estratégia para a revolução brasileira, traçam o caminho que pode nos conduzir à transformação, à emancipação humana. Assim, tendo sido convidada a ser pré candidata à deputada federal pelo PCB-BA, aceitou esta tarefa coletiva como parte da luta para a construção do Poder Popular.

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