Massacre de Ciganos pela PM em Vitória da Conquista

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Por Érika Jursa

No último dia 13, dois policiais sem fardas e sem identificação adentraram o acampamento de ciganos em Vitória da Conquista, Bahia, onde vive o povo Callon. Ao que se sabe, esses policiais entraram em confronto com 7 ciganos moradores do local e acabaram mortos.

Depois do ocorrido, iniciou-se uma verdadeira caçada anti-rroma (termo designado para o preconceito a povos ciganos – povos rromani). A PM Baiana tem retaliado a população cigana local, espelhando terror, preconceito e violência. Casas na cidade e na zona rural que pertencem a ciganos foram invadidas e queimadas, assim como seus carros; 3 ciganos foram mortos pela polícia e tiveram suas fotos divulgadas com as legendas “CPF CANCELADO” e “NÃO MEXAM COM OS NOSSOS”; mulheres ciganas foram espancadas; uma criança foi baleada na frente da mãe; e um garoto também cigano, que filmou as ações policiais, foi executado.   

A PM de Rui Costa protagoniza uma verdadeira chacina ao povo cigano, que está sendo responsabilizado pela a morte de policiais militares da cidade. A comunidade, que já passa por situações de sociovulnerabilidade e perseguições sistêmicas e históricas, está sendo caçada e torturada na cidade, num processo de retaliação violenta.

Uma análise de dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostra que existe correlação entre as mortes de policiais militares e a população civil que é vítima fatal da intervenção policial. Após o óbito de um policial em serviço, a probabilidade de um civil perder a vida em meio a uma ação policial no mesmo local aumenta em 1.150% no mesmo dia; em 350% no dia seguinte; e em 125% entre cinco e sete dias mais tarde.  A comunidade Callon relata que um rapaz que nem mesmo pertencia ao povo cigano foi executado e carbonizado por ter sido confundido. A polícia fascista e racista está aproveitando para caçar e expulsar todos os ciganos da região.

Um outro fato é que, com a ausência de um Estado que zele pela vida das minorias, instituições de caráter religioso se aproveitam das circunstâncias de vulnerabilidade da comunidade para pôr em prática seus métodos de catequização moderna, como tem ocorrido atualmente. A comunidade não tem a quem recorrer e acaba clamando por intermédios de figuras como a ministra Damares Alves.

Uma comitiva com representantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pela Ministra da Inquisição, desembarcou segunda-feira (19) no sudoeste da Bahia, para discutir ações para populações locais. É preciso ressaltar que tanto a Ministra como sua comitiva sequer respeitam ou prezam pela existência de pessoas ciganas, tampouco de outras minorias, e compactuam com a perseguição delas em suas políticas.

A atmosfera hostil de caçada perdura há mais de uma semana na comunidade cigana de Vitória da Conquista. Nada foi feito por parte dos poderes públicos, mesmo com a denúncia já encaminhada pelo presidente do Instituto de Ciganos do Brasil (ICB), Rogério Ribeiro, ao Ministério Público e à Subcomissão Nacional de Direitos Humanos dos Povos Ciganos. 

Desde 2014, os povos ciganos não aparecem nas pesquisas municipais do IBGE. Segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR), há pelo menos três etnias ciganas: Callon, Rom e Sinti. Os acampamentos ciganos encontram-se em 291 municípios, localizados em 21 estados, havendo 53 acampamentos no Estado da Bahia. São aproximadamente 500 mil ciganos em todo o Brasil, fazendo deste o segundo país com maior população cigana no mundo. 

A História dos ciganos é forjada sob muita luta e resistência. A formação da sociedade brasileira é composta por esse povo que enfrenta uma vida de estereótipos, perseguições e descaso. Os ciganos de Vitória da Conquista estão sofrendo violação de seus Direitos Humanos, pelas mãos da segunda Polícia que mais mata no Brasil.

A PM de “Rui Correria” massacra minorias étnicas e raciais de maneira metódica e ordenada, em um verdadeiro projeto de exterminação. Os rroma clamam por justiça de forma profilática, pois a justiça burguesa jamais contemplará verdadeiramente as minorias e tampouco visa a emancipação delas.

É preciso lutar pela emancipação cigana, assim como de todos os povos oprimidos pelo capital. Não haverá fim para tamanha violência sem a destruição de seu algoz. 

Justiça pelo Povo Cigano! Pelo fim da perseguição aos ciganos de Vitória da Conquista e do Brasil! 

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