Editorial – Mais Um Ano de História da Imprensa Popular

Por Milton Pinheiro

Imprensa Popular – O jornal O Momento – Diário do Povo teve seu primeiro período de circulação entre abril de 1945 e novembro de 1957. Cumpriu uma densa jornada de defesa dos interesses da classe trabalhadora, apresentou uma consistente pauta de denúncias das iniquidades do sistema burguês, defendeu a democracia na ordem política e social brasileira, assim como contribuiu para o processo de formação política de amplos segmentos sociais naquele período.

Durante os anos 1980, um conjunto de quadros políticos do PCB/Bahia e intelectuais socialistas do jornalismo baiano tentaram reeditá-lo. Inclusive, contando naquele episódio de relançamento com a presença do João Falcão, que foi diretor do primeiro período e posteriormente o combativo proprietário de um ícone da imprensa baiana, o Jornal da Bahia. No entanto, ficou apenas, nesse retorno, com uma edição.

No final de 2019 e começo de 2020 os comunistas baianos voltaram a discutir a imprensa comunista em nosso estado e a possibilidade de relançamento do O Momento – Diário do Povo. Essa tarefa foi levada a frente por um conjunto de militantes comunistas do PCB tendo à frente alguns professores e jovens estudantes da universidade pública.

Publicamos nossa primeira edição em meados de 2020 e agora estamos completando, em agosto, o primeiro ano de vigência do nosso terceiro retorno. Temos uma edição mensal impressa (pdf) e um instrumento online que é diariamente alimentado. Tornando possível a circulação de conteúdos caracterizados com o perfil da imprensa popular de orientação comunista, contudo, aberta para amplos segmentos populares e de esquerda.

O jornal segue um perfil bastante singular: um editorial, uma entrevista, um texto sobre a memória política de velhos militantes e 4 ou 5 artigos sobre temas regional, nacional ou internacional que sejam candentes e que tenham especial relevância para nossa posição política. Durante a semana, com entradas diárias, o jornal é alimentado com textos/matérias.

Dentro da visão política que qualifica nosso perfil jornalístico, é importante registrar o caráter autoral do jornal, pois, todos seus textos são assinados. Para além dessa dinâmica político-editorial, tem toda uma construção técnica que da forma ao nosso conteúdo através de imagens, fotografias e o perfil da diagramação. Forma e conteúdo encontram sua razão dialética no projeto que é apresentado aos leitores através das nossas edições mensais.

Seguindo a razoabilidade da boa técnica jornalística realizamos rotineiramente reuniões para definições de pautas e para retroalimentarmos o instrumento online. Todo esse trabalho conta, para além da presença do jornalista responsável, da presença da editora chefe, do diagramador, de um conselho de redação e de um conjunto de colaboradores sempre muito próximos.

Ao completarmos um ano de retorno dessa fénix da imprensa popular, queremos registrar os compromissos norteadores do nosso projeto jornalístico: defesa sem trégua dos interesses imediatos e estratégicos da classe trabalhadora, combate contra as opressões da sociabilidade da ordem burguesa, defesa das liberdades democráticas (diante de um tempo histórico de obscurantismo e neofascismo), ampla divulgação dos movimentos desenvolvidos pelo bloco proletário e popular em defesa da reorganização da classe trabalhadora, através do amplo trabalho de base e da construção da greve geral política no Brasil como instrumento de articulação de um grande encontro da classe trabalhadora, um ENCLAT. Todo esse projeto de jornalismo-compromisso deve ser pautado nos princípios da verdade histórica, da luta pelo Poder Popular na trilha do socialismo.

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